A Questão Metodista: Jorge Lockward, pioneiros do Metodismo

Jorge Lockward, líder de louvor com vasta experiência em música, liturgia e adoração globais, é um apaixonado pela diversidade cultural. Foto de Mike DuBose, Notícias MU, arte de Laurens Glass. Versão em português Rev. Gustavo Vasquez, Notícias MU.
Jorge Lockward, líder de louvor com vasta experiência em música, liturgia e adoração globais, é um apaixonado pela diversidade cultural. Foto de Mike DuBose, Notícias MU, arte de Laurens Glass. Versão em português Rev. Gustavo Vasquez, Notícias MU.

Um pioneiro é frequentemente visto como a primeira pessoa a realizar algo ou o líder de um novo movimento. Mas o uso dessa palavra em épocas anteriores sugere o contrário. A palavra "pioneiro" vem do francês "pionnier", que significa "soldado de infantaria". Um pioneiro é alguém que trabalha diligentemente com outros durante um longo período para alcançar uma missão comum que prepara o caminho para aqueles que o seguem.

Jorge Lockward é um verdadeiro pioneiro. Ele é um renomado líder de louvor com vasta experiência em música, liturgia e adoração em âmbito global. Sua paixão reside na diversidade cultural na adoração, que une pessoas de diferentes etnias, classes sociais, idades, identidades de gênero e muito mais. Atualmente, Jorge atua como ministro de artes litúrgicas na Igreja Metodista Unida do Village, na cidade de Nova York. Ao longo dos anos, tornou-se amplamente conhecido como um liturgista que integra elementos de adoração de todo o mundo, com e para pessoas de todo o planeta, seja por meio de publicações do Programa Global Praise (Louvor Global) do Global Ministries (Ministérios Globais), seja liderando louvores e cânticos no Conselho Mundial de Igrejas (Porto Alegre, Brasil, 2006), para as Mulheres Metodistas Unidas (St. Louis, 2010), na Conferência Metodista Mundial (Seul, Coreia do Sul, 2016) e na Conferência Mundial de Missões (Arusha, Tanzânia, 2018).

Jorge cresceu em uma família devota e evangélica na República Dominicana. Seu avô era metodista, mas ele foi criado na tradição de seu pai, na Igreja dos Irmãos de Plymouth. Nessa tradição, o culto de comunhão é o mais importante. Ele ansiava por ir com sua família aos domingos à noite para o culto de Santa Ceia e cânticos.

Publicações e vídeos disponíveis

Jorge relembra o momento em que teve uma visão transformadora de Deus: “Eu estava em casa por volta das quatro da tarde, tirando um cochilo no calor do dia. Não queria levantar para ir à igreja. Tive uma espécie de visão, e vi, num estado quase onírico, duas cenas. Uma em que as pessoas saíam de um culto com os rostos iluminados pelo Espírito, cheias de vida. E outra em que as pessoas saíam do culto normalmente. Acho que nada de muito importante tinha acontecido. E de alguma forma, naquele sonho, entendi que a diferença entre uma e outra era o meu ministério, porque era eu quem estava liderando o culto. Sabe, se o meu espírito estava presente, a maneira como eu o conduzia fazia toda a diferença. Se eu estava vivendo aquilo, se eu estava acreditando, algo acontecia entre o meu coração e os meus dedos, e algum poder fluía através disso. Então, naquele dia, passei de músico a ministro. Embora eu fosse jovem, foi muito claro. Acordei, fui tocar com toda a minha alma. Entendi, a partir daquele momento, que Eu não estou atuando, estou liderando, estou facilitando, estou criando o espaço para o Espírito Santo agir. É o Espírito Santo que está realizando a obra de Deus, mas eu sou parte do rio que impulsiona tudo isso. Esse foi um momento fundamental que mudou minha vida para sempre.”

Jorge frequentou a faculdade nos Estados Unidos e planejava ir para o Seminário Fuller após a formatura, mas a pedido de seu pai, retornou à República Dominicana. Seus estudos incluíram pré-medicina, direito e administração de empresas. Sua experiência na área empresarial o levou a um emprego como bancário, que ele detestava. Ele também trabalhou como professor substituto de música em uma escola local, enquanto continuava a ministrar por meio da música nas igrejas. Dentre seus muitos talentos, sua paixão e vocação é a liturgia. “Eu não sou músico. Sou, na verdade, liturgista, porque tudo o que me interessa na música é o que acontece com as pessoas. Tenho muitos amigos que são músicos de verdade. Eles amam música. Eu amo o que a música pode fazer com as pessoas. Meu título na minha igreja é Ministro das Artes da Adoração, porque não se trata apenas de música. Trata-se de combinar todos os elementos – pregação, dança, a palavra falada – em algo que tenha o potencial, a possibilidade de conectar as pessoas a Deus, umas às outras e às realidades do mundo. É aí que reside minha paixão.”

Por fim, contrariando o conselho de seus pais, ele se mudou para Nova York. Essa mudança o reconectou com a herança metodista de seu avô. Ele acabou morando com o pastor metodista reverendo Pedro Piron, que se tornou seu mentor e uma segunda figura paterna.

Lá, ele se tornou ministro de música na Igreja Presbiteriana de West End, atendendo tanto a congregação de língua inglesa quanto a de língua espanhola. Seu desafio era encontrar pontes entre as duas congregações por meio da adoração e da música. “Eu já praticava o que as pessoas chamam de louvor global. Em cada lugar que eu ia, aprendia algo novo e enriquecedor. Isso meio que cresceu naturalmente em mim. Meu foco principal eram os hinos, porque foi com eles que cresci. Estudei música clássica, toquei em igrejas pentecostais, fazia música de louvor e adoração. E também, por ser bilíngue, eu trazia essa energia. Mas é mais do que idioma. As pessoas não entendem isso. Há uma teologia por trás disso – que Deus é muito sábio e não dá todos os dons do mundo a um único grupo de pessoas, mas alguns recebem isso, outros recebem aquilo, então temos que tocar juntos e unir os dons.”

A perspectiva global de Jorge sobre adoração trouxe diversas práticas e estilos musicais para os encontros da igreja. Ele atuou por muitos anos como diretor do Programa de Louvor Global do Conselho Geral de Ministérios Globais, editando recursos inovadores sobre música e adoração globais. “O objetivo principal é abrir o coração para o que está ao nosso lado, o que está próximo de nós. É, em essência, a essência de quem Deus é. Não podemos conhecer a Deus sem uns aos outros. A experiência que você tem, eu preciso, e a experiência que eu tenho, você precisa. Nessa conversa, é onde o divino se une. Esse é o caminho de Deus. O caminho de Deus é sempre trinitário. Portanto, o louvor global, em sua essência, é um esforço trinitário.”

“As implicações teológicas do louvor global são realmente o que eu acredito ser importante. A música em si é um veículo, e um bom veículo. O louvor global realmente nos liberta da arrogância. De repente, percebemos: 'Ah, esta cultura tem uma maneira de entender isso que a minha cultura jamais conseguiria.' Eles não apenas criaram essa canção, eles a conceberam através da oração. Portanto, canções e formas litúrgicas não são composições. Não, elas são o acúmulo de experiências sagradas encapsuladas em uma canção. E então, se fizermos isso corretamente e compartilharmos, compartilharmos com integridade, isso pode abençoar alguém.”

Jorge não reivindica todo o crédito por este trabalho. Ele honra os pioneiros que o iniciaram antes dele: S.T. Kimbrough , fundador do Global Praise Program (Programa Louvor Global), e Terry MacArthur, ex-missionário metodista e consultor de longa data em adoração do Conselho Mundial de Igrejas. Eles foram os primeiros a reunir líderes de louvor influentes de todo o mundo para conduzir a adoração a partir de suas experiências com seus próprios povos, em vez de simplesmente usar traduções de hinos ocidentais. Por meio da mentoria e do treinamento de outros, Jorge agora passou este trabalho para novos líderes.

Ele acredita que o que ofereceu em troca é pouco comparado ao que a igreja lhe deu. Humildemente, ele diz: “Não se trata de mim. Certa vez, eu estava organizando um grande evento e estava muito nervoso. O Reverendo Piron disse algo inesquecível. Ele disse: 'Jorge, é Deus e o povo de Deus. O que poderia dar errado?' Se você simplesmente deixar que seja Deus e o povo de Deus e seguir essa linha, nada pode dar errado.”

*Wallace é o antigo diretor de longa data do Ask The UMC (Pergunte à UMC), o serviço de informações da Comunicações Metodista Unida. Para comunicar com Notícias MU você pode ligar para 615-742-5470, newsdesk@umnews.org o IMU_Hispana-Latina @umcom.org.

**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para [email protected].

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