Mulheres Metodistas Unidas Na Fé Empoderam Raparigas Em Moçambique

Estudantes de corte e desenho recebem instruções de Rute Uthui. O Projeto de Corte, Costura e Cozinha capacita mulheres e raparigas com conhecimentos que podem levar à geração de rendimentos.
Estudantes de corte e desenho recebem instruções de Rute Uthui. O Projeto de Corte, Costura e Cozinha capacita mulheres e raparigas com conhecimentos que podem levar à geração de rendimentos.

Num contexto marcado pela pobreza rural, fraco acesso à educação e falta de oportunidades para meninas, uma luz de esperança nasce no espirito da missão da Igreja. Em Maio de 2025, a localidade de Bela-Vista viveu um momento histórico com o lançamento oficial do Projecto de Corte, Costura e Culinária, uma iniciativa das Mulheres Metodistas Unidas em Moçambique. O projecto visa capacitar técnica e humanamente raparigas em situação de vulnerabilidade, preparando-as para a vida e o mercado de trabalho. A iniciativa surge como resposta a realidades duras enfrentadas por muitas raparigas da região, como casamentos prematuros, gravidez precoce, fraco acesso à educação técnica, bem como a carência de infraestrutura básica como água potável, transporte e electricidade estável.

Rute Uetela Uthui, Secretária Executiva das Mulheres Moçambique Sul, na sua intervenção, destacou o papel fundamental da capacitação comunitária: “Estamos a formar raparigas não só em habilidades práticas, mas também em valores. Este apoio vai contribuir para o resgate dos valores morais, da identidade cultural e do respeito pela dignidade humana.”  Na mesma ocasião, Rute agradeceu profundamente à organização Mulheres Unidas na Fé pelo financiamento e à Igreja Metodista Unida em Moçambique (IMUM) por abraçar a expansão do projecto em Bela-Vista, uma vila pacata e pobre situada a 105kms da cidade de Maputo- a capital do país. Afirmou ainda que o projecto é muito atrativo e dezenas de mulheres e jovens continuam chegando para serem formadas, e que o projecto já conta com mais de 50 formandas. O evento foi ‘baptizado’ com a presença de autoridades locais, líderes comunitários, formadores e beneficiários. 

Ana Jossai, em representação do Secretário do Bairro, expressou gratidão pela iniciativa: “Este projecto é uma fonte de esperança e transformação em Bela Vista. Muitas adolescente aqui vivem em condições difíceis que afectam o seu crescimento académico e pessoal. Louvamos iniciativa da igreja Metodista Unida.” Concluiu Jossai.

A Coordenadora Geral dos Programas das Mulheres Unidas na Fé em Moçambique, Angelina Mbulo, disse que as Mulheres Unidas na Fé, actuam com base nas necessidades apresentadas pela Organização das Mulheres Metodistas Unidas em Moçambique. Para além de Corte e Costura, as Mulheres Metodistas Unidas em Moçambique actualmente implementam projectos de criação de suínos e de frangos”.  Acrescentou ainda que existem mulheres que participaram nesses cursos, graduaram, e hoje nas suas comunidades já têm descobertos os seus próprios negócios e algumas conseguem dinheiro através desses para pagar uniformes dos seus filhos e outras despesas familiares. Em Cabo Delgado por exemplo, existem mulheres e jovens que criaram os seus próprios negócios através dessas iniciativas, Mbulo, garantiu ainda que a parceria entre as Mulheres Metodistas Unidas e as Mulheres Unidas na Fé transforma a vidas de mulheres, jovens e crianças nas nossas comunidades e que vão continuar trabalhando juntas e coezas.

Trainees benefit from the knowledge they gain through the Cutting, Sewing and Cooking Project in Bela-Vista, Mozambique.  
Os formandos beneficiam dos conhecimentos que adquirem através do Projeto Cortar, Coser e Cozinhar em Bela-Vista, Moçambique.

Anabela Nzualo beneficiária do projecto em representação das formandas expressou o seu sentimento de satisfação com a implementação: “antes deste projecto, muitas de nós não sabíamos o que fazer com o nosso futuro. Algumas haviam deixado a escola, outras enfrentavam dificuldades nas nossas famílias e não tinham perspectivas. Mas hoje, confirmamos que não estamos sozinhas. Sentimos que somos valorizadas, que temos capacidades e que podemos conquistar os nossos sonhos”. As Formandas prometem aproveitar esta oportunidade com responsabilidade e dedicação. E, no futuro, pretendem também ajudar outras raparigas, como nós, a descobrirem o seu valor e propósito.

Délia Sambo, Conselheira Geral das Mulheres Metodistas, reforçou a visão estratégica:

Este é mais do que um curso. É um plano de libertação social e espiritual. Costura e culinária não são apenas ofícios, mas caminhos para dignidade, autoestima e autonomia.” A Conselheira destacou ainda às iniciativas de base comunitária com a construção de um futuro com bases sólidas, onde a costura e a culinária não são apenas ofícios, mas caminhos para a independência comprometendo a continuar a apoiar essas iniciativas.

A Presidente Conferencial das Mulheres, Almera Gune, sublinhou o compromisso da Organização com o impacto social: “Quando empoderamos raparigas, cumprimos com o nosso papel espiritual e cívico, e através da costura e da culinária, queremos abrir portas para o empreendedorismo nas comunidades carenciadas e a geração de renda e, vamos continuar a fazer o nosso papel para ajudar quem necessita” disse Gune.

Este é um novo dia para Bela-Vista. Este projecto vai revelar talentos escondidos e inspirar muitas raparigas, aqui se produzirá vestuários e culinária tradicional e contemporânea, tendo como meta não apenas a aprendizagem, mas também a criação de oportunidades de geração de renda” enalteceu o Pároco da Extensão de Bela-Vista, Martins Simbine, saudando a chegada do projecto na suacomunidade. 

Reverendo Bernardo Victorino Bernado, o Superintendente da Área de Maputo Cidade, agradeceu a honra de receber o projecto na área que dirige, encorajou as formandas a ver estes cursos como alicerce nas suas vidas: “Não estamos apenas a oferecer cursos, mas a acender esperança. Estes ensinamentos trarão frutos duradouros.”

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O Bispo João Filimone Sambo mostra os seus dotes de costura no lançamento do Projeto Cortar, Coser e Cozinhar em Bela-Vista, Moçambique.

Na mesma cerimónia, o Bispo João Filimone Sambo, destacou a importância de iniciativas que vão além do apoio espiritual, promovendo o desenvolvimento prático e sustentável nas comunidades: “Minhas irmãs e meus irmãos, como vocês podem ver, apesar de este ser um projeto da Metodista Unida, a realidade esta é que a casa de Deus de todos, portanto, é como uma escola que não se importa de onde cada um de nós veio para se matricular. Esta também é a nossa casa comum, independentemente de sua proveniência denominacional! É a luz que inspira o mundo.” afirmou o Bispo. Por sua vez apelou aos formandos a usar e cuidarem bem as máquinas do projecto para que os outros beneficiários as usem em boas condições. O Bispo recomendou-lhes ainda a continuarem a divulgar o projecto e convidar os outros na comunidade a aderirem nestas ricas formações. Desafiou as formandas a adoptar com responsabilidade o que vão aprender e a partilhar o conhecimento com outras raparigas da comunidade: “Com estas ferramentas, espera-se que saiam com mais do que certificados, que levem consigo a determinação para transformar as suas vidas e comunidades à imagem de Deus. A nossa esperança é podermos replicar este exemplo pelo país fora”- Concluiu o Bispo Sambo.

Apesar de a integração social de raparigas em Moçambique enfrentar desafios significativos, existem esforços pelo governo, organizações sociais e as Igrejas para promover a igualdade de género e o empoderamento feminino. A Constituição moçambicana e políticas públicas reconhecem a igualdade de direitos, mas na prática, as mulheres e raparigas ainda enfrentam barreiras como casamento e gravidez precoces, acesso limitado à educação e mercado de trabalho, e violência de género.

Roque Facela é Comunicador de Moçambique. Adaptado e Traduzido por Ezequiel Nhantumbo, correspondente lusófono da UMCom em Africa, baseado em Maputo.

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